Lei n 3.353, de 13 de maio de 1888.
Declara extinta a escravido no Brasil.
A princesa Imperial, Regente em Nome de Sua Majestade o Imperador o
Senhor D. Pedro li, faz saber a todos os sditos do Imprio que a
Assemblia Geral Decretou e Ela sancionou a Lei seguinte:
Art. 1 declarada extinta desde a data desta Lei a escravido no
Brasil.
Art. 2 Revogam-se as disposies em contrrio.
Manda portanto a todas as autoridades a quem o conhecimento e execuo
da referida Lei pertencer, que a cumpram e faam cumprir e guardar to
inteiramente como nela se contm.
O Secretrio de Estado dos Negcios d'Agricultura, Comrcio e Obras
Pblicas e Interino dos Negcios Estrangeiros, Bacharel Rodrigo Augusto
da Silva, do Conselho de Sua Majestade o Imperador, o faa imprimir,
publicar e correr.
67 do Independncia e do Imprio.
a) Princesa Imperial Regente
Rodrigo A. da Silva
Carta de Lei, pela qual Vossa Alteza Imperial Manda executar o Decreto
da Assemblia Geral que Houve por bem sancionar declarando extinta a
escravido no Brasil, como nela se declara.
Para Vossa Alteza Imperial ver.
A Lei urea foi assinada
em 13 de maio de 1888 pela Princesa Isabel do Brasil e o Conselheiro
Rodrigo Augusto da Silva extinguindo a escravido no Brasil.

Lei urea
Conjuntura
A lei urea foi assinada em 13 de maio de 1888 pela princesa Isabel do
Brasil e o conselheiro Rodrigo Augusto da Silva extinguindo a escravido
no Brasil.
A da Lei urea foi decorrncia de presses internas e
externas: o movimento abolicionista j tinha grande fora no pas,pois
havia freqentes fugas de negros e mulatos. O exrcito j se recusava a
fazer o papel de capito-do-mato, ou seja: capturar e devolver os
escravos a seus donos.
Alm disso, estava se tornando economicamente invivel manter o trabalho
escravo, em faze da concorrncia com a mo-de-obra imigrante, barata e
abundante, todos esses fatores conjugados e os ataques constantes dos
negros, muitos deles refugiados em quilombos, s propriedades agrcolas,
como mostrou Joaquim Manuel de Macedo em seu livro: As Vtimas-Algozes.
O Brasil foi o ltimo pas independente do Ocidente a erradicar a
escravatura. A Constituio do Imprio, outorgada em 1824, embora mais
liberal do que vrias outras Cartas monrquicas, mantinha a escravido
usando de um subterfgio: declarava o respeito aos direitos de
propriedade, ao mesmo tempo que empregava, em certas agens, a
expresso "homens livres", o que dava a entender que nem todos eram
livres, e que era legtima a propriedade sobre os no-livres.
Algumas leis feitas no primeiro reinado e no perodo regencial abolindo
o trfego de escravos no foram cumpridas.
Tambm a Constituio da Repblica Rio-Grandense, de 1843, redigida por
representantes dos fazendeiros opositores ao Imprio do Brasil,
preservava a escravatura.
A palavra urea, que vem do latim Aurum, uma expresso de uso
simblico que significa "feito de ouro", "resplandecente", "iluminado".
A palavra urea que tem sido usada para expressar o grau de magnitude
das aes humanas explorada h sculos por faras, soberanos, reis e
imperadores, geralmente est associada a datas astrolgicas que so
escolhidas para de leis e tratados.[carece de fontes?].
Embora muitos discordem, no Brasil, tem-se que o ato da da
Lei urea assinado pela filha do Imperador Dom Pedro II, Princesa Isabel
(1846-1921) adquiriu esse nome por ser o dia 13 de maio, escolhido pela
princesa Isabel, uma das principais datas que acompanham a histria
brasileira e refere-se ao aniversrio de seu falecido bisav, Dom Joo
VI.
O dia 13 de maio considerado data cvica no Brasil.
O texto da lei urea
Dona Isabel, princesa imperial do Brasil e regente do Imprio quando da
da Lei urea, pelo que ficou conhecida como A Redentora.
Princesa Isabel, Conselheiro Rodrigo Augusto da Silva (autor do projeto
de lei) e membros do gabinete 1888.A lei n 3.353, (cujo projeto de lei
foi de autoria de Rodrigo Augusto da Silva, ministro dos Negcios da
Agricultura, Comrcio e Obras Pblicas e interino dos Negcios
Estrangeiros, deputado e depois Senador[1]) de 13 de maio de 1888, que
no previa nenhuma forma de indenizao aos fazendeiros, dizia,
ortografia atual[1]:
Declara extinta a escravido no Brasil:
A Princesa Imperial Regente, em nome de Sua Majestade o Imperador, o
Senhor D. Pedro II, faz saber a todos os sditos do Imprio que a
Assembleia Geral decretou e ela sancionou a lei seguinte:
Art. 1: declarada extinta desde a data desta lei a escravido no
Brasil.
Art. 2: Revogam-se as disposies em contrrio.
Manda, portanto, a todas as autoridades, a quem o conhecimento e
execuo da referida Lei pertencer, que a cumpram, e faam cumprir e
guardar to inteiramente como nela se contm.
O secretrio de Estado dos Negcios da Agricultura, Comrcio e Obras
Pblicas e interino dos Negcios Estrangeiros, Bacharel Rodrigo Augusto
da Silva, do Conselho de Sua Majestade o Imperador, o faa imprimir,
publicar e correr.
Dada no Palcio do Rio de Janeiro, em 13 de maio de 1888, 67 da
Independncia e do Imprio.
Princesa Imperial Regente.
Rodrigo Augusto da Silva
Carta de lei, pela qual Vossa Alteza Imperial manda executar o Decreto
da Assembleia Geral, que houve por bem sancionar, declarando extinta a
escravido no Brasil, como nela se declara. Para Vossa Alteza Imperial
ver. Chancelaria-mor do Imprio - Antnio Ferreira Viana.
Transitou em 13 de maio de 1888.- Jos Jlio de Albuquerque.
A nica alterao do projeto de lei do governo, feita pela Cmara Geral,
foi introduzir, no texto, a expresso "desde a data desta lei", para que
a lei entrasse em vigor ainda antes de ser publicada nas provncias.
Consequncias
Foram libertados, pela Lei urea, um total de escravos que no chegou a
um milho, para uma populao total de quinze milhes de brasileiros. O
nmero de escravos havia diminuido muito nas dcadas anteriores
Abolio, devido abolio do trfico de escravos em 1850 pela Lei
Eusbio de Queirs, s frenquentes epidemias de varola ocorridas no
sculo XIX, Guerra do Paraguai onde muitos escravos morreram ou foram
libertos, Lei do Ventre Livre e Lei dos Sexagenrios.
A Lei urea foi precedida pela Lei do Ventre Livre de 28 de Setembro de
1871, que libertou todas as crianas nascidas, e que previa indenizao
aos fazendeiros, o que no foi cumprido, e pela lei do sexagenrio, que
libertou em 1885 todos os negros maiores de 65 anos de idade.
Foi a formalizao desse ato, a da Lei urea, no dia 13 de
maio de 1888 que finalmente deu por fim a qualquer explorao da
mo-de-obra escrava no Brasil. A Abolio foi amplamente apoiada pela
maonaria do Brasil[2], fortemente opositora dos fazendeiros catlicos.
Assim, em geral, todos os polticos que tiveram seu nome ligado leis
abolicionistas foram maons como o membro do Supremo Conselho do Grau 33
Eusbio de Queirs responsvel pela Lei Eusbio de Queirs que proibia a
importao de escravos, e o gro-mestre visconde do Rio Branco,
responsvel pela lei do ventre livre.[3]
Ambas as leis foram aprovadas por Isabel quando seu pai estava na
Europa. Pela segunda ela foi premiada com a comenda Rosa de Ouro pelo
Papa Leo XIII.
Logo aps a Lei urea, ao cumprimentar a Princesa Isabel, Joo
Maurcio Wanderley, Baro de Cotejipe, nico a votar contra o projeto de
abolio, profetizou:
"A senhora acabou de redimir uma raa e perder o trono"!
Baro de Cotegipe
Durante o longo processo de discusso das leis abolicionistas, a opinio
pblica e a classe poltica se dividiram entre os que eram totalmente
favorveis abolio, os que eram contrrios, e um grupo intermedirio
que queria uma abolio gradativa para no haver uma imediata crise na
lavoura por falta de mo-de-obra, chamada, na poca, de "falta de braos
para a lavoura" e grandes prejuzos para os fazendeiros, esta ltima
posio defendida, entre outros, pelo deputado geral e escritor Jos de
Alencar.
A lei foi apoiada por todos os lderes afrodescendentes da poca,
chamados ento de "Pretos", como Jos do Patrocnio e Andr Rebouas,
mas ainda no deixou de provocar polmicas. Crticos afirmam que deu
liberdades aos negros e mulatos mas no lhes garantiu alguns direitos
fundamentais, como o terra e moradia, que os permitissem
exercer uma cidadania de fato.
Ao contrrio, a falta de uma legislao complementar que vislumbrasse
tal problemtica contribuiu por condenar amplas camadas populares
excluso social - problema que s se agravaria com o ar do tempo. E
do ponto de vista dos fazendeiros, a crtica foi no sentido de que estes
no foram indenizados tendo imenso prejuzos especiamente os pequenos
proprietrios de terra que no tinham o a mo de obra de
imigrantes. Porm, documentos recentementes descobertos revelam que a
princesa estudou indenizar os ex-escravos com recursos do estinto Banco
Mau e realizar uma ampla reforma agrria.
Para inviabilizar essa pretendida indenizao dos fazendeiros, e em nome
da "fraternidade e solidariedade com a grande massa de cidados que,
pela abolio do elemento servil, entrava na comunho brasileira", Rui
Barbosa, quando ministro da fazenda do governo Deodoro da Fonseca,
ordenou a destruio de todas os livros de matrculas de escravos, os
quais eram da guarda dos cartrios de ofcio dos municpios, em 14 de
dezembro de 1890, e os documentos do Ministrio da Fazenda referentes
escravido.
Seis dias mais tarde, em 20 de dezembro, a deciso foi aprovada com a
seguinte moo: O Congresso Nacional felicita o Governo Provisrio por
ter ordenado a eliminao nos arquivos nacionais dos vestgios da
escravatura no Brasil. Em 20 de janeiro de 1891, Rui Barbosa deixou de
ser ministro das Finanas, mas a destruio dos documentos prosseguiu.
De acordo com o historiador Amrico Jacobina Lacombe, "uma placa de
bronze, existente nas oficinas do Lloyde Brasileiro, contm, de fato,
esta inscrio assaz laconica: 13 de maio de 1891", aqui foram
incendiados os ltimos documentos da escravido no Brasil.
A Abolio, segundo alguns pesquisadores, teria sido fruto de um estado
semi-insurrecional que ameaava a ordem imperial e escravista. Tal
interpretao acentua o carter ativo, e no ivo, das populaes
escravizadas.
Durante muito tempo a Lei urea foi vista apenas como um ato generoso da
Princesa Isabel que seguia os propsitos abolicionistas de seu pai o
Imperador D. Pedro II, porm a historiografia brasileira mais recente -
atravs por exemplo dos trabalhos de Silvia Hunold Lara e Sidney
Chalhoub - tem acentuado as rebelies de escravos que estavam se
generalizando no Pas, gerando quilombos por toda a parte, tornando
invivel a escravido.
A pena dourada
Tendo sido editada em trs vias, cada cpia da Lei urea foi assinada
por uma pena dourada idntica.
Recentemente, D. Pedro Carlos vendeu ao Museu Imperial de Petrpolis a
pena dourada com a qual sua bisav a princesa Isabel do Brasil assinou a
primeira via da Lei urea, pela soma de R$500 mil.
Apesar do ttulo de Prncipe Imperial do Brasil ter sido transmitido aos
primognitos descendentes de seu tio-av, D. Lus Maria Filipe, aps a
renncia de seu av, D. Pedro de Alcntara, a pena dourada havia sido
mantida como herana entre os primognitos do Ramo de Petrpolis.
As outras duas penas utilizadas encontram-se em poder do Museu do Grande
Oriente do Brasil.
Bibliografia
ALENCAR, Jos Martiniano de, Perfis Parlamentares 01, Cmara dos
Deputados, 1977.
CASTELLANI, Jos, A maonaria na dcada da abolio e da repblica ,
Editora A Trolha, 2001.
LACOMBRE, Loureno Luiz, Isabel, a princesa redentora , Inst. Histrico
de Petrpolis, 1989.
MACEDO, Joaquim Manuel de, As vtimas-algozes - quadros da escravido,
Fundao Casa de Rui Barbosa, 1991.
PEDRO II, Imperador, Conselhos princesa Isabel de como melhor
governar, Editora GDR, 1985.
VIEIRA, Hermes, A Princesa Isabel no cenrio abolicionista do Brasil,
So Paulo Editora Limitada, 1941.
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