OS NICs - NOVOS
PASES INDUSTRIALIZADOS
A partir dos anos 50,
ou a ocorrer uma intensificao no processo de
expanso das multinacionais em direo a diversas
regies do mundo. Com esse processo, a produo
industrial, at ento concentrada na Europa, no
Japo, nos Estados Unidos e no Canad, ou a se
disseminar por vrios pases.
Num primeiro momento, os pases subdesenvolvidos
que mais receberam filiais das multinacionais foram
Brasil, Argentina, Mxico e frica do Sul, todos com
grande mercado consumidor e com capacidade de
processamento de algumas matrias-primas necessrias
s multinacionais. Posteriormente, a partir de
meados da dcada de 60, tal processo de expanso das
multinacionais e disseminao da atividade
industrial atingiu a Coria do Sul, Taiwan, Hong
Kong e Cingapura. Todos esses pases que aram
por um processo de industrializao mais intensa
aps a dcada de 50 recebem a denominao de NICs (Newly
Industrialized Countries). Mais recentemente ainda,
a partir dos anos 80, outros pases do sudeste
asitico comearam a ter, gradativamente, a
indstria como um setor importante da economia. o
caso da Malsia, da Tailndia e da Indonsia.
Se observarmos em um mapa, as reas de maior
concentrao industrial no se restringem mais aos
pases desenvolvidos do hemisfrio Norte. Fora das
regies tradicionalmente industrializadas da
Europa, da Amrica do Norte e do Japo, surgiram
vrias outras: no sudeste do Brasil; nas regies em
torno de Buenos Aires e da Cidade do Mxico; em
Pretria e em Johannesburgo, na frica do Sul; no
leste da China; no sudeste da sia e nos tigres
asiticos.
As trajetrias da industrializao dos NIC's no
foram as mesmas, mas se apoiaram em polticas
industriais nas quais a participao do Estado foi
decisiva.
No caso dos pases latino-americanos, como Brasil,
Mxico e Argentina, a industrializao baseou-se na
substituio de importaes e posteriormente na
internacionalizao do mercado.
Nas principais crises econmicas mundiais do sculo
XX, particularmente na de 1929, os pases da Amrica
Latina viram-se impossibilitados de importar as
mercadorias fabricadas no mundo industrializado.
Alm disso, diante da conjuntura desfavorvel
exportao de produtos agrcolas no-essenciais, os
investimentos aram a se destinar produo
local de manufaturados. Os bens de consumo que antes
eram importados aram a ser produzidos pelas
antigas naes importadoras. Da o nome dado ao
processo de industrializao desses pases: ISI
(Indstria Substitutiva de Importao).
Aps a dcada de 50, as prticas substitutivas
apoiaram-se na internacionalizao do mercado.
Brasil, Argentina e Mxico atraram os investimentos
internacionais como forma de acelerar o
desenvolvimento industrial.
As polticas industriais de atrao dos
investimentos estrangeiros ofereciam mo-de-obra
barata, investimentos estatais em infra-estrutura de
transporte, energia e processamento de
matrias-primas essenciais instalao industrial.
Os incentivos fiscais, a participao nos mercados
internos sem a necessidade de transpor barreiras
alfandegrias, e a facilidade de remessa de lucros
eram atrativos tentadores s empresas estrangeiras.
O caminho seguido pelos NIC's asiticos foi
diferente. A estratgia industrial traada por
Taiwan, Cingapura, Coria do Sul e Hong Kong
apoiou-se na IOE (industrializao Orientada para a
Exportao). As multinacionais que se estabeleceram
nesses pases, e mesmo as empresas nacionais, tinham
como objetivo principal o comrcio externo. Da a
expresso plataformas de exportao para designar
os tigres asiticos.
Enquanto na ISI foi preponderante a participao do
capital norte-americano e do europeu, no caso da IOE,
a principal fonte de investimentos foi o capital
japons.
O crescimento econmico dos tigres foi alicerado na
associao entre as empresas privadas e o governo,
que garantiu proteo s empresas nacionais por meio
de barreiras alfandegrias e criou os mecanismos
legais de incentivos s exportaes e aos
investimentos estrangeiros. Alm disso, investiram
na educao e, conseqentemente, na qualificao da
mo-de-obra.
No entanto, todo o processo de evoluo econmica e
industrial foi traado sob um regime ditatorial, com
exceo de Hong Kong. A liberdade de imprensa e de
expresso e as eleies livres no faziam parte do
dia-a-dia dos habitantes desses pases.
Durante a dcada de 70, os tigres asiticos
apresentaram taxas de crescimento econmico prximas
de 10% ao ano e, na dcada de 80, prximas de 7,5%.
Nos primeiros anos da dcada de 90, ou a ocorrer
uma desacelerao do crescimento econmico. Mesmo
assim, as taxas desses pases so superiores s
apresentadas pelas naes mais industrializadas do
globo.
A agem de economias predominantemente agrcolas
para pases industrializados e com parques
industriais diversificados, no curto perodo de
duas dcadas, evidentemente acontece em ritmo de
crescimento econmico bastante acelerado. Atingindo
tal grau de industrializao, natural que o ritmo
de crescimento e a. ser menor. Como se pode
observar no grfico, o que acontece com os tigres
asiticos.
O novo eixo de prosperidade do Pacfico
ainda muito cedo para que se aceite a afirmao de
que o grande centro econmico do sculo XXI seja a
regio do Pacfico, sob a liderana do Japo.
Entretanto, o ritmo de crescimento industrial e a
capacidade dos investimentos japoneses tm indicado
forte liderana dessa regio, na nova ordem mundial
que se est esboando.
Atualmente, em volume de depsito, os dez maiores
bancos do mundo so japoneses. E entre os dez
maiores conglomerados financeiros mundiais nove so
japoneses. At meados dos anos 60, no aparecia
nenhum banco japons entre os cinqenta maiores.
O Japo , sem dvida, o expoente mximo de uma
regio que, nos ltimos 30 anos, tem conquistado
inigualvel crescimento econmico: o leste e o
sudeste da sia, na regio do Pacfico. No incio da
dcada de 90, enquanto a economia mundial assegurava
mseros 0,3% de crescimento econmico, essa regio
do Pacfico expandia-se na ordem de 5,8%.
As exportaes dos quatro tigres aram de 2
bilhes de dlares, em 1960, para mais de 377
bilhes, em 1993. Na pauta de exportaes,
predominam os produtos eletroeletrnicos
(televisores, videocassetes, aparelhos de som,
fornos de microondas), rios para computadores
e telecomunicaes, tecidos sintticos, roupas,
plsticos e veculos.
A China, com 20% da populao da Terra, caminha a
os largos para transformar seu mercado potencial
num grande mercado de Consumo. Na dcada de 80,
obteve as maiores taxas de crescimento econmico.
claro que essas taxas tm validade relativa, j que
a base anterior da economia era muito baixa e o
modelo de desenvolvimento industrial chins ainda
est baseado na utilizao de mo-de-obra barata e
no baixo ndice tecnolgico.
Em meados da dcada de 90, surgiram vrias denncias
de que parte dos produtos industrializados chineses,
que tm conquistado o mercado mundial devido aos
baixos preos e no boa qualidade, so fabricados
em campos de concentrao com a utilizao de
mo-de-obra, a custo zero, de prisioneiros que
trabalham os 7 dias da semana.
Nestas duas ltimas dcadas, juntamente com o Japo
e a China, os tigres formaram um importante plo
econmico no extremo oriente da sia.
A Coria do Sul possui empresas conhecidas
mundialmente, como a Sansung (computadores,
eletroeletrnicos), a Hyundai e a Daewoo
(automveis). Vrios setores industriais tm hoje
destaque na economia coreana: construo naval,
brinquedos, eletroeletrnicos, computadores,
relgios e outros.
Hong Kong, alm de um setor de bens de consumo
bastante diversificado, est entre os maiores
centros financeiros internacionais e seu porto o
terceiro entreposto Comercial do mundo.
O desenvolvimento industrial de Taiwan e a forte
penetrao dos seus produtos no mercado externo
fazem com que esta pequena ilha do Pacfico tenha
uma das maiores reservas cambiais do mundo.
Cngapura, cuja rea 68 vezes menor que a ilha de
Maraj, exportou, por sua vez, 97 bilhes de
dlares, em 1994, mais que o dobro das exportaes
brasileiras, que atingiram 44 bilhes de dlares no
mesmo ano.
O crescimento econmico nesta regio do Pacfico tem
arrastado outros pases: Tailndia, Malsia,
lndonsia, Filipinas e Vietn. A Tailndia, por
exemplo, exporta hoje mais produtos txteis e
eletroeletrnicos do que arroz e borracha, seus
tradicionais itens de exportao. Um aspecto
importante do crescimento econmico desses pases
o fato de os tigres asiticos estarem entre os
maiores investidores externos, aspecto que refora o
dinamismo econmico da regio do pacfico.
As ZEE'S [Zonas Econmicas Especiais)
A China tem-se adaptado s grandes transformaes
econmicas mundiais de forma gradual. A introduo
da economia de mercado est sendo feita pelo prprio
PCC (Partido Comunista Chins), em reas
determinadas pelo governo, que receberam a
denominao de ZEEs (Zonas Econmicas Especiais).
As ZEEs foram idealizadas por Deng Xiao-ping e
implantadas a partir de 1978. Elas se constituram
no modelo chins para suplantar a estagnao
econmica que, naquele momento, atingia o conjunto
dos pases socialistas e os afastavam, cada vez
mais, do nvel de desenvolvimento do mundo
capitalista.
Nas cidades escolhidas para a criao dessas zonas
de economia de mercado, abriram-se as portas para o
investimento estrangeiro e estabeleceram-se medidas
semelhantes s adotadas nos tigres asiticos: baixos
impostos, iseno total para a importao de
mquinas e equipamentos industriais e facilidades
para a remessa de lucros ao exterior. Alm disso, as
empresas que nelas se instalaram contam com a
mo-de-obra mais barata do mundo, o que torna os
preos dos produtos de baixo aporte tecnolgico
(txtil, calados e brinquedos) imbatveis no
mercado internacional.
A localizao das ZEEs estratgica. Esto situadas
prximas s reas litorneas, a pouca distncia dos
outros grandes centros econmicos do Pacfico. Em
1992, o governo chins criou 28 novas zonas de livre
mercado, mais para o interior, ao longo do rio
Yang-tse-kiang.
Entretanto, o desenvolvimento da economia chinesa
ir encontrar pela frente uma srie de obstculos.
De modo diverso ao que ocorreu no grupo dos quatro
tigres, onde houve uma poltica governamental de
investimento pesado em educao e em infra-estrutura
bsica, a China no tem caminhado nessa mesma
direo. O ndice de analfabetismo chins atinge 73%
da sua populao e os estudantes universitrios no
chegam a 1,5 milho, num pas de 1,2 bilho de
habitantes.
O sistema porturio bastante incipiente e a China
no conta com estradas de rodagem e ferrovias
adequadas circulao de mercadorias, fundamentais
dinamizao de seus mercados interno e externo.
Consta que os ltimos trilhos das ferrovias chinesas
foram instalados h 7 dcadas.
Os baixos salrios constituem outra barreira
criao de um mercado interno forte. Embora existam
mais de 400 milhes de pessoas na costa do Pacfico
vivendo numa economia de mercado, o consumidor
chins uma minoria privilegiada.
O alastramento das ZEEs e a introduo da economia
de mercado na China elevaram os casos de corrupo.
Muitos funcionrios do Partido Comunista foram
acusados de cobrar propina para autorizar viagens,
mudanas de emprego e para fazer vistas grossas
gravidez, burlando o controle de natalidade.
O principal problema do modelo chins o fato de a
abertura econmica no ter sido acompanhada pela
abertura poltica. A liberdade de mercado no foi
estendida s outras instncias da vida social. Ainda
vedada sociedade chinesa a liberdade cultural,
de organizao sindical e partidria, de expresso e
de comunicao.
Em 1993, o pas introduziu o capitalismo na
Constituio, especificando que a China tem uma
economia socialista de mercado.
A Globalizao e o
Curso do Capitalismo de Fim-de-Sculo
Franois Chesnais
Este artigo defende a hiptese de que a economia
mundial apresenta, neste final de sculo, um novo
regime de acumulao. A operao deste regime
definida pelas prioridades do capital centralizado
em busca de reproduo sob a forma dinheiro,
correspondendo tal regime ao resultado da
mundializao do capital. A economia mundial pode
ter entrado numa fase depressiva de longa durao,
em decorrncia da crescente orientao da acumulao
para a salvaguarda de posies adquiridas, da qual a
capitalizao financeira rentista a expresso mais
acabada.
Palavras-chave: Globalizao; Liberalizao;
Acumulao financeira; Fluxos de capitais.
Especulao e Instabilidade na Globalizao
Financeira
Otaviano Canuto e Mariano Laplane
O objeto deste artigo o debate sobre a natureza e
os efeitos da especulao e da instabilidade
financeira no atual cenrio da economia
internacional. Depois da reviso de alguns dos
traos centrais da globalizao financeira
discute-se os enfoques das expectativas racionais e
ps-keynesiano sobre a especulao e a estabilidade
financeira. Ao final, o artigo esboa alguns dos
elos entre as esferas produtiva e financeira no
presente contexto da economia em nvel mundial.
Palavras chave: Globalizao financeira;
Especulao; Instabilidade financeira.
A Ascenso das Finanas Especulativas
Dominique Plihon
O texto aborda a predominncia da lgica
especulativa no processo de globalizao financeira.
Trata dos instrumentos e dos vrios atores
envolvidos na ascenso das finanas especulativas,
observando com maior ateno as experincias da
Frana e dos Novos Pases Industrializados da sia e
da Amrica Latina. Finalmente, prope uma
reelaborao das concepes das polticas pblicas
tendo em vista as mudanas nas finanas
internacionais.
Palavras-chave: Globalizao financeira; Finanas
especulativas; Finanas internacionais; Novos Pases
Industrializados.
Cepal: Velhas e Novas Idias
Octavio Rodriguez, Oscar Burgeo, Adela Hounie e
Luca Pittaluga
A grande influncia que as idias da CEPAL exerceram
no continente justifica que as analise em
profundidade. As propostas do rgo evoluram ao
longo de sua vida institucional. Neste trabalho,
expe-se sucintamente, primeiro, as propostas atuais
da CEPAL, e depois a concepo do sistema
centro-periferia. Questiona-se sobre algumas de suas
implicaes e, finalmente, procura-se adequar certas
perguntas sobre a nova proposta da CEPAL para o
desenvolvimento da regio. O artigo inclui uma
extensa bibliografia sobre o tema.
Palavras-chave: CEPAL - Propostas; Sistema
centro-periferia.
A Economia de Keynes, A Busca de uma Nova Teoria
Econmica e a "Armadilha do Equilbrio"
Antonio Carlos Macedo e Silva
Este artigo trata da coexistncia de aspectos
revolucionrios e conciliadores na Teoria geral de
Keynes. Prope-se que a conciliao no era uma
necessidade de ordem lgica e que, alm disso,
dificultou o desenvolvimento de um paradigma
no-neoclssico. Argumenta-se que, de um lado,
Keynes subestimou o impacto de suas idias (como sua
teoria das decises sob condies de incerteza)
sobre questes microeconmicas; dessa forma, o
escopo de sua teoria "geral" foi desnecessariamente
limitado ao mbito de uma disciplina particular, a
"teoria da produo e do emprego como um todo", vale
dizer, a macroeconomia. De outro lado, a adoo do
mtodo do equilbrio teria sido, em ltima
instncia, prejudicial. A esttica comparativa foi
entronizada como mtodo legtimo para a teoria
macroeconmica; em conseqncia, a demonstrao,
pela sntese neoclssica, da existncia de condies
sob as quais a economia se encontra em equilbrio de
pleno emprego pde facilmente ser interpretada como
representando a derrota da revoluo keynesiana,
liberada das limitaes impostas pelo prprio
Keynes, oferece o arcabouo terico necessrio a um
paradigma alternativo, baseado no mtodo da dinmica
e no conceito de tempo histrico.
Opine pela inteligncia (
"PLANTE UMA RVORE
NATIVA")
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