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Historia de Nossa Senhora do Socorro SE

Socorro j foi Tomar da Cotinguiba
O municpio tem uma das igrejas mais antigas e j foi o mais populoso e de maior produo de sal de Sergipe

Quando os portugueses aqui chegaram para explorar Sergipe, j por volta de 1575, encontraram na regio que hoje forma a sede do municpio de Nossa Senhora do Socorro, ndios da tribo Tupinamb. A fora do cacique Serigy era sentida pelo devastador europeu, que com a violncia das armas e da f conseguiu se estabelecer. Por ordem do arcebispo da Bahia, Dom Sebastio Monteiro da Vide, em 25 de setembro de 1718, uma pequena aldeia, que tinha a capelinha dedicada a Nossa Senhora do Perptuo Socorro, transformada em freguesia com o nome de Nossa Senhora do Perptuo Socorro do Tomar da Cotinguiba.

Segundo historiadores, as notcias mais antigas daquela freguesia so de 1757. O vigrio da capela, padre Jos de Souza, escreve ao arcebispo da Bahia relatando a rea territorial da povoao e sobre a presena de aldeias indgenas. Naquele ano, segundo o vigrio, a povoao j tinha cerca de 4.200 pessoas. Encantado, o padre e historiador Marco Antnio de Souza tambm escreveu sobre o progresso constante da Freguesia Nossa Senhora do Perptuo Socorro do Tomar da Cotinguiba, no ano de 1802. Os manuscritos do padre esto no Museu Britnico. Ele tambm fazia referncia a Santo Amaro das Brotas, que j era vila, mas ressaltava que Socorro era muito populoso.

Marco Antnio escreveu que a freguesia chegou a ter 7 mil pessoas e que, alm de fazer grande importao de produtos manufaturados da Bahia, trabalhavam nos engenhos e na produo de acar. Os manuscritos desse padre foram encontrados no Museu de Londres.

LARANJEIRAS E ARACAJU

Mas os socorrenses que lutavam para transformar a freguesia numa vila independente de Santo Amaro sofreram um grande golpe. Em 1832 criada a Vila de Laranjeiras e a Freguesia de Nossa Senhora do Perptuo Socorro do Tomar da Cotinguiba acabou sendo anexada quela nova vila. Vrios moradores de Socorro fizeram protesto, atos e at representaes junto ao Conselho da Provncia. Mas de nada adiantou. A Cmara de Laranjeiras, por sua vez, tambm reagia s pretenses dos socorrenses. Entre as alegaes, diziam os laranjeirenses que Socorro estava apenas a uma lgua da nova vila, que toda semana os socorrenses iam s feiras em Laranjeiras e entre as ponderaes afirmavam que na freguesia no existia “20 cidados que satisfizessem os requisitos da lei, para servirem nos cargos de governana”.

Mas os moradores da parquia de Nossa Senhora do Perptuo Socorro do Tomar da Cotinguiba no desistiram. Em 19 de fevereiro de 1835 a freguesia transformada em vila independente, mas a festana dos socorrenses pela liberdade e crescente progresso demorou um pouco. Um novo golpe reduziu a vila a um modesto povoado sem qualquer expresso. Isso aconteceu a partir de 17 de maro de 1855, quando a Lei 413 criou o municpio e a cidade de Aracaju, para onde se transferia a capital da Provncia e incorporava s suas terras todo o territrio de Socorro. Isso mesmo. O municpio de Nossa Senhora do Perptuo Socorro do Tomar da Cotinguiba deixou de existir oficialmente.

MUDANA DE NOME

Resistentes como sempre, os moradores de Socorro reiniciaram sua luta para devolver o status quelas terras. Nove anos depois, em 7 de julho de 1864, criado o distrito. Dessa vez com o nome de Nossa Senhora do Socorro da Cotinguiba, ainda pertencente a Aracaju, mas isso levou os socorrenses a recuperarem seu antigo prestgio. Era um o importante em busca do retorno ao municpio. Quatro anos mais tarde os habitantes daquelas terras conquistaram de uma vez por todas o ttulo esperado.

Em 14 de maro de 1868 o distrito transformado em municpio independente. O curioso que a Lei Provincial 792 diz que ele a a se chamar apenas Socorro. Mas a legislao federal atingiu Socorro e o Governo do Estado teve que mudar seu nome em 1943, que a a ser apenas Cotinguiba.

Mas esse novo nome do municpio no chegou s ruas. Era apenas usado em documentos oficiais. Para o povo, o nome era Socorro. O Cotinguiba ainda sobreviveu por quase dez anos. Em 6 de fevereiro de 1954, o Governo faz retornar o seu primeiro nome, retirando porm “Tomar da Cotinguiba”, porque o nome ficava muito grande. Assim, o municpio ou a ser definitivamente chamado de Nossa Senhora do Socorro. “Existia um cruzeiro que ficava na Rua So Benedito; foi mudado para a frente da matriz, depois desapareceu... No meio da praa tinha uma pedra enorme, depois desapareceu... Tinha a chegana aqui e tambm na Taioca... A transformao da cidade comeou quando seu Manuel Prado Vasconcelos colocou luz eltrica em postes de madeira, com calamento nas ruas... A linha de trem chegou em 1920”, Memria de Velho, de Ecla Bosi.

Vale ainda registrar na histria de Socorro a existncia da Cidade de Menores Getlio Vargas, onde funcionava um pequeno hospital com 34 leitos, para tratamento exclusivo de menores abandonados e ‘delinqentes’; a Colnia Loureno Magalhes (Servio Nacional de Lepra) um hospital para os antigos leprosos; Horto Florestal de Ibura, que realizava farta distribuio de mudas de grandes e variadas espcies de rvores. Em janeiro de 1955 o prefeito do municpio era Fausto Ges Leite.

A bela igreja matriz

A Igreja Matriz de Nossa Senhora do Perptuo Socorro uma das mais antigas de Sergipe. Ela no tem nenhuma documentao sobre sua construo, mas na soleira da sacristia, direita, h uma inscrio com a data de 1714. A

igreja foi tombada como monumento histrico nacional pela Secretaria do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional, em 20 de maro de 1943. A imagem de Nossa Senhora do Perptuo Socorro uma escultura em madeira policromada, do sculo XVIII. O interessante que essa imagem original ficou pequena no altar e por isso os jesutas providenciaram uma imagem maior. Hoje as duas esto na igreja. Uma curiosidade que ainda hoje leva muita gente para a igreja a existncia de um tnel que os jesutas fizeram dentro da igreja para fugir das perseguies dos holandeses. O tnel comeava na igreja de Socorro e levava os jesutas at Laranjeiras. H pouco meses a porta do tnel foi fechada.

Do forro original resta o do altar-mor, cuja pintura tem a temtica dos quatro continentes (na realidade so cinco continentes): apresenta a imagem de Nossa Senhora do Socorro, ao centro, ladeada pelas figuras de uma mulher branca simbolizando a Europa; um homem negro, representando o continente africano; um oriental representando a sia e um ndio representando a Amrica. Outro detalhe interessante que esquerda de quem entra pela nave central da igreja, h uma rea com trs tmulos. Um da famlia Daltro Nabuco, que de 1877; um do poeta e jurista Jos Freire da Costa Pinto. E o outro e mais recente do frei Inocncio Schleirmacher, um dos vigrios mais importantes na histria de Socorro. H tambm no piso da nave a lpide do tmulo do cnego Elizirio Vieira Muniz Telles, Conselheiro da Ordem de Cristo e vigrio da freguesia de Socorro em 1904.

Os moradores mais velhos dizem que os jesutas encontraram a imagem de Nossa Senhora do Perptuo Socorro numa ilha existente l e depois levaram a imagem para a capela. Uma outra igreja muito antiga no municpio a de Nossa Senhora do Amparo, que tem sua festa em 15 de agosto. A festa da padroeira realizada em 2 de fevereiro.

Do sal ao distrito industrial

O municpio de Socorro, em termos mineral, um dos mais ricos de Sergipe. Existe muito prximo sede uma usina de salgema. Mas o sal marinho que tem uma fantstica histria. O municpio j chegou a ter mais de 380 salinas, sendo o maior produtor do Estado. No toa que o nome do rio que separa Aracaju de Socorro conhecido como Rio do Sal. O rio e as linhas de trem eram muito usados pelos produtores de sal. Hoje, apenas quatro salinas ainda resistem.

A partir da dcada de 80, o municpio comeou a ar por transformaes urbansticas. A sede da cidade no sofreu grandes alteraes, entretanto seus povoados foram alvos de empreendimentos imobilirios que provocaram uma considervel mutao em reas antes ocupadas por mangues e pouco povoadas.

Essas mutaes foram conseqncias da istrao pblica estadual ao criar, em 1979, o projeto Grande Aracaju. Quando o Distrito Industrial de Aracaju ficou esgotado, o Governo do Estado implantou o Distrito Industrial de Socorro. Algumas indstrias foram para l e tambm vrios conjuntos habitacionais foram construdos, como o conjunto das Domsticas, Jardim, Joo Alves Filho, Fernando Collor, Marcos Freire, Taioca e Albano Franco. O inchao populacional trouxe mais problemas do que benefcios em Socorro.

Alguns filhos ilustres

  • Marechal Antnio Enas Gustavo Galvo - o Baro do Rio Apa. Nasceu em 19 de outubro de 1832. Militar que lutou na Guerra do Paraguai.
  • Manoel dos os de Oliveira Teles - Bacharel, nasceu a 29 de agosto de 1859. Versado nas lnguas grega, latina, inglesa e sa. Escreveu, entre outras, as seguintes obras: “Chystofaneida”, “Ensaios sobre a Msica Popular em Sergipe”, “A Geografia Cretcea e Terciria do Brasil”, “De Itapo a So Francisco”.
  • Jos Augusto Barreto - Mdico, nascido a 16 de junho de 1928. Tem importantes trabalhos publicados que so considerados de grande valor cientfico, como “Infantilismo Esplnico” e “Uma Famlia de Esplenomeglicos”.

Nossa senhora do Socorro hoje

  • Regio - Leste de Sergipe
  • Distncia de Aracaju - 15 km
  • Populao - Cerca de 100 mil
  • Atividade econmica - Indstria

Texto: Cristian Ges
Fotos e reprodues: Digenes Di e Edson Arajo
Fonte: ‘Nossa Senhora do Socorro: Trajetria’, por Vernica Nunes, Ana Rodrigues Santos e Wilembergue Rodrigues Oliveira; e Enciclopdia dos Municpios Brasileiros