HISTORIA DE PONTA GROSSA
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Nos ltimos anos, um grupo de historiadores e gegrafos, vinculados a Universidade Estadual de Ponta Grossa, partindo da produo de pesquisadores que, nas dcadas de 70 e 80, dedicaram-se ao estudo de Ponta Grossa e dos Campos Gerais, intensificaram a produo acadmica sobre a realidade local.
O texto seguinte reflete a produo mais recente a respeito da cidade e da regio. De modo introdutrio ele propicia uma viso geral sobre o processo histrico de Ponta grossa. Futuramente sero disponibilizados "links" ao longo do texto com objetivo de complementar e aprofundar as informaes contidas no mesmo.

Prof. Ms. Carmencita de Holleben Mello Ditzel
Prof. Ms. Niltonci Batista Chaves

Ponta Grossa 1827 - Aquarela pintada por Jean Baptiste Debret em 1827, A ocupao do territrio paranaense se iniciou no litoral e pode ser dividida em trs grandes fases: sculo XVII - ocupao do litoral e do planalto curitibano; sculo XVIII - conclui-se a ocupao dos Campos Gerais; sculo XIX - ocuparam-se os campos de Guarapuava e os de Palmas. Assim, at meados deste sculo, o processo de interiorizao se conclui constituindo o chamado Paran Tradicional.

A ocupao das terras dos Campos Gerais se iniciou logo na primeira dcada do sculo XVIII. Local prprio para o desenvolvimento da pecuria (tendo o seu limite sul no vale do Rio Iguau e extremo norte demarcado pelo Rio Itarar), os Campos Gerais tornaram-se ento agem obrigatria na rota do comrcio que levava gado e muares do Rio Grande para o abastecimento de So Paulo e das Minas Gerais.

A necessidade de abastecimento colonial tanto impulsionou o mercado interno brasileiro, possibilitando a gradativa integrao das economias regionais, como favoreceu, tambm, a ocupao de regies do interior paranaense.

A ligao inter-regional se fazia pelo Caminho do Viamo, que compreendia trs rotas, sendo a via mais utilizada denominada Estrada Real, ando pelos campos de Vacaria, Lages, Campos Gerais e Itarar, chegando a Sorocaba.

O povoamento dos Campos Gerais foi comeado em 1704, por iniciativa dos nobres potentados paulistas Jos Gois de Morais e Pedro Taques de Almeida, secundados por outros membros da ilustre linhagem, que no mencionado ano requereram grandes sesmarias no territrio paranaense, abrangendo desde a margem esquerda do rio Itarar s cabeceiras do Tibagi.

Tropeiros - Foto de tropeiros no inLigadas ao tropeirismo, ainda no sculo XVIII, pequenas povoaes comearam a surgir ao longo do Caminho das Tropas. Nos locais em que as tropas fixavam pouso, fazendo seus pequenos ranchos para descanso, trato e engorda do rebanho, ou esperando ar as chuvas e baixar o nvel dos rios, logo surgia um ou outro morador, fundando casa de comrcio, interessado em atender s necessidades dos tropeiros. Dessa forma, pequenas freguesias e vilas, como o Prncipe (Lapa), Palmeira, Ponta Grossa, Pira do Sul, Castro e Jaguariava, tiveram seu desenvolvimento inicial dependente das fazendas e do movimento das tropas.


Tropeiros - Foto de tropeiros em Ponta Grossa no inFoi ao longo do sculo XIX que as vilas adquiriram uma conformao urbana, deixando de ser um complemento da vida rural. Tornaram-se centro de resolues de questes polticas e plo de atrao de populaes, inclusive das fazendas. Diversificaram-se ali as atividades econmicas, conferindo-se-lhes uma dinmica prpria. Essa realidade emergente propiciou um novo ordenamento do convvio, com a instaurao da Justia e a elaborao de Cdigos de Posturas, regulando o cotidiano do cidado.
Sendo assim, as ltimas dcadas do sculo XIX foram marcadas pela contraposio entre a consolidao dos ncleos urbanos e a retrao da economia rural nos Campos Gerais. Essa economia foi quase auto-suficiente e que oportunizou o poderio dos fazendeiros declina pouco a pouco viabilizando o desenvolvimento das cidades.

Com a transformao do uso da propriedade, partilhada entre o criatrio e a invernagem, com a predominncia desta, que acompanhou a mudana do fazendeiro em tropeiro, e com a ampliao da economia monetria que a isso se seguiu, desenvolveu-se o comrcio contra a auto-suficincia das fazendas, comeando o predomnio das cidades.

EstaNascida sob a hegemonia das fazendas, Ponta Grossa crescia e tinha novas ambies: um teatro (1873), uma biblioteca (1876) indicadores do novo vigor e mentalidade arejada de seus habitantes. O ncleo urbano ponta-grossense entrava em uma fase de expanso. A populao local em 1890 atingia a casa dos 4.774 habitantes. No incio do sculo XX, a cidade respirava um "clima urbano" contando com bandas musicais que disputavam espao para as apresentaes, cinema, luz eltrica, associaes beneficentes e hospital.

Esse clima descrito por Raul Gomes na crnica "Ponta Grossa de Hoje". As palavras do cronista retratam uma cidade pujante, movimentada. No dizer de Gomes " noite o povo flana nas ruas, penetra nas lojas, enche os trs cinemas, freqenta os clubs". O cronista destaca ainda o esprito empreendedor da populao que torna a iniciativa privada mais eficiente que a dos poderes pblicos. O crescimento urbano traz novas necessidades cidade: calamento das ruas - para aliviar os problemas causados pelo p e pela lama principalmente aos estabelecimentos comerciais; os servios de gua e esgoto - compatvel com as novas concepes de higiene e conforto; a construo de um mercado e de um matadouro - com capacidade para atender s reais necessidades da populao.

Os cinemas, citados por Raul Gomes, no eram os nicos espaos de lazer e sociabilizao da sociedade ponta-grossense. Companhias Circenses apresentavam-se com freqncia na cidade, recebendo sempre grande pblico.

PraPor sua vez, as praas tambm se constituam em um dos principais pontos de encontro da sociedade local. A Praa Joo Pessoa, localizada diante da Estao Ferroviria (Estao Saudade), constitua-se num local em que muitas famlias concentravam-se, sobretudo nas noites de vero. Nesta mesma praa a populao local reunia-se espontaneamente sempre que autoridades ou pessoas ilustres chegavam cidade.

PraAs praas tambm eram locais onde se realizavam comemoraes cvicas e celebraes religiosas. Outro costume prprio dessa poca eram as retretas que ocorriam na Praa da Matriz ao entardecer de domingo.
A importncia da cidade provm em grande parte de sua localizao estratgica: entroncamento rodo-ferrovirio do interior do estado ligando as principais regies econmicas e os centros polticos.

Decisivo mesmo para a vida da cidade-encruzilhada foi a inaugurao da estrada de ferro, em plena revoluo federalista. Alis, o revolucionrio Gumercindo Saraiva encontrou em Ponta Grossa um acolhimento muito cordial, pois estar nos Campos Gerais era como estar em casa, nos pampas riograndenses, cercado de gachos, comendo churrasco, tomando chimarro e cavalgando pelos campos. Em 1894, os trilhos da estrada de ferro vindos de Paranagu atingiam a cidade. Em 1899 inaugurou-se a estrada de ferro So Paulo - Rio Grande com oficinas de manuteno em Ponta Grossa. Esta situao de entroncamento ferrovirio fez com que Ponta Grossa entrasse no sculo XX com o p direito. O progresso veio. Grandes engenhos de erva-mate, beneficiamento de couro e de madeira comearam a surgir. E olarias, pois no havia tijolo que chegasse. Veio gente de fora atrada pela promessa de bons negcios.

Registro da presenUm estudo sobre a cidade revela que "as primeiras dcadas do sculo XX constituem uma conjuntura extremamente favorvel para a economia ponta-grossense", o que pode ser constatado pela elevao na arrecadao de impostos, pelas obras construdas nessa fase, quando da instalao de vrias fbricas e estabelecimentos comerciais cujos proprietrios, em grande maioria, eram imigrantes.

Migraes estrangeiras espontneas e espordicas sempre ocorreram para o territrio brasileiro. O grande movimento migratrio oficial, contudo, s se verificou na dcada de 1870, quando para o Paran vieram em grande nmero os russos-alemes. Em 1877/1878 chegaram em Ponta Grossa, 2.381 russos-alemes que se estabeleceram na Colnia Octvio, subdividida em 17 ncleos, afastados do centro urbano. A partir de ento outros grupos foram chegando cidade e a ela se integrando. Entre os de maior importncia esto os poloneses, alemes, russos, italianos, srios, austracos e portugueses.

A presena desses imigrantes trouxe mudanas para as regies paranaenses onde se instalaram, impulsionando, sobretudo, as atividades industriais. Essa atitude modernizadora ocorreu tambm em relao a outros setores como comrcio, transporte e cultura. Tais atividades muitas vezes ocorreram em funo das dificuldades com a atividade agrcola que os levaram a migrar para a zona urbana. A cultura alem, na viso de muitos autores, apresenta um carter associativo, o que incentivou a fundao de clubes e associaes em muitas cidades paranaenses, entre elas Ponta Grossa. Nessa cidade as iniciativas para a fundao de um clube dos alemes data de 1896.

Vista parcial da cidade em 1947. A imagem possibilita visualizar antigos prO crescimento econmico de Ponta Grossa levou-a a condio de plo regional no Paran, ao longo das quatro primeiras dcadas do sculo XX, exercendo grande influncia na sua rea de abrangncia. Ocupou a posio de segunda cidade do Estado no que diz respeito ao contingente populacional. Em 1908 superou a casa dos 15.000 moradores. Em 1920 chegou a 20.171 pessoas e em 1940, contava com 38.417 habitantes. A posio de destaque da cidade se confirma, tambm, pela criao do Bispado em 1926 cuja diocese compreendia doze parquias em toda regio dos Campos Gerais.

A Cervejaria AdriDe acordo com o relatrio do prefeito Albary Guimares, que istrou a cidade de 1934 a 1944, verificaram-se transformaes na cidade evidenciadas por dados, tais como: aumento dos investimentos na rea de educao, ampliao e construo de edifcios pblicos, melhorias nas reas de sade com a criao da Maternidade Pblica e de cinco Postos de Puericultura e de saneamento bsico, reforma e remodelao dos logradouros, ampliao da rede de iluminao pblica atingindo os trs principais bairros de Ponta Grossa (Nova Rssia, Oficinas e Uvaranas), calamento polidrico nas principais ruas da cidade, crescimento do patrimnio predial urbano, atingindo 6.958 construes em 1944.

O crescimento de Ponta Grossa nas primeiras dcadas do sculo XX se inscreve num contexto nacional de desenvolvimento econmico e urbanizao que favorece sobretudo as regies sudeste e sul do pas. Esse desenvolvimento resulta de uma conjugao de fatores como capital, mo-de-obra, mercado relativamente concentrado, matria prima disponvel e barata, capacidade energtica e um sistema de transportes ligando as zonas de produo aos portos.

Paralelamente, crise das regies agrcolas de culturas tradicionais, as regies economicamente com o melhor desempenho atraem contingentes populacionais marginalizados pela manuteno da estrutura latifundiria. Se uma parte dessa populao migra para o campo, uma outra parte sente-se atrada pelas cidades. Entre estas aquelas que so capitais regionais ou que representam etapas importantes de corredores de exportao so as que mais atraem pela perspectiva de emprego que podem oferecer.

Esse quadro no tem a mesma plenitude em toda a regio dos Campos Gerais. Algumas cidades, como Castro, ao contrrio de Ponta Grossa, perdem importncia regional. Apesar das diferentes condies econmicas os municpios dessa regio apresentavam um quadro poltico semelhante nos anos 30.

Rua XV de Novembro, a mais movimentada de Ponta Grossa na dA conjuntura econmica favorvel em Ponta Grossa nos anos 20 e 30 possibilitou um discurso de enaltecimento cidade similar ao do Movimento Paranista. Artigos do jornal Dirio dos Campos apresentam uma imagem idealizada da cidade e projetam um futuro promissor.

Ao chegar a dcada de 1950, encontramos uma nova realidade. O Paran buscava uma nova identidade regional devido ao crescimento vertiginoso de sua populao, a ampliao de suas fronteiras e o impulso econmico da lavoura cafeeira. A terra roxa e o caf fizeram a riqueza e a importncia poltica de sua regio norte.

Nesse contexto, iniciou-se tambm para Ponta Grossa um novo perodo histrico. A cidade, historicamente vinculada ao tropeirismo e a economia agrria - a Ponta Grossa camponesa -, e que no princpio do sculo XX
experimentou um momento de euforia urbano capitalista - a Ponta Grossa princesa -, ingressou numa fase correspondente quela vivida pelo Paran. A busca de uma nova identidade transformou-se no grande desafio para os
ponta-grossenses a partir de ento.

Origem do Nome:

Conta-se duas verses para origem do nome. A primeira segundo Manoel Cyrillo Ferreira, fala que: O qrande proprietrio de terras o Sargento-Mor, Miguel da Rocha Ferreira Carvalhaes, teria determinado a seu capataz, Francisco Mulato, "que escolhesse um ponto bem apropriado para nova morada de sua Fazenda". Francisco Mulato, percorrendo os campos da regio, teria escolhido local prximo de onde hoje se encontra a Igreja de So Sebastio, antiga Chacar Dona Magdalena, e teria dito: "Sinh bem sabe porque encostado naquele capo que tem Ponta Grossa". Francisco Mulato estava certo local plano, encruzilhada, "porta para o interior".

Uma segunda verso de Nestor Victor escreve, ainda, que: A cidade atual foi edificada em terrenos de uma fazenda que tinha esse nome (Ponta Grossa), fazenda pertencente a Miguel da Rocha Ferreira Carvalhaes, o qual generosamente doou as terras necessrias para semelhante fim. A estncia assim se chamava devido a um capo ao lado de seus terrenos, o qual ainda hoje forma uma ponta grossa, porque a fazenda ainda existe, a umas 8 lguas de Castro.

Fonte: Acervo da Casa da Memria Paran,e Prefeitura Municipal de Ponta Grossa.

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