Era Pr Colonial
A atual rea do Piau era habitada por sete naes nativas principais: Acro, Tremembs, Guegus, Timbira, Jaic, Tabajaras e Pimenteira.

Era Colonial (1530-1822)

Em 1701, a Coroa Portuguesa proibiu a criao de gado a menos de 10 lguas do litoral. Duas regies podem ser consideradas de povoao no serto: Olinda e Salvador. Olinda, de onde o gado se expandia para o interior do Piau e do Maranho. A criao de gado atendia aos engenhos de acar. Salvador, na Bahia, ia em direo ao vale do rio So Francisco, que teve um importante mercado consumidor, devido minerao.


Doao de Sesmarias

A colonizao se intensificou durante 1660 a 1670, quando a regio se tornou objeto de cobia por parte de baianos e paulistas. As sesmarias eram doadas por governantes da Bahia, Pernambuco, Par e Maranho. Em 1695, o Piau desmembrou-se istrativamente de Pernambuco, ligando-se ao Maranho, por determinao rgia, a qual vigoraria em 1715. Dessa forma, diversos governantes poderiam doar terras no Piau, pois a legislao confusa permitia essa prtica.


Processo de Ocupao

Domingos Afonso Mafrense e seu irmo Julio Serra tornaram-se proprietrios de muitas terras no Piau. Tambm receberam terras Francisco Dias D’vila, Pereira Gago (seu irmo) e Domingos Jorge Velho. Estes receberam as terras depois de vrias expedies pela regio do Piau.

Os conflitos por terras so intensos. A Coroa Portuguesa, tentando acabar com esses conflitos, em 1774, atravs de Carta Rgia, estabeleceu que as terras doadas por sesmarias deveriam medir 3 lguas, mas, no entanto, isso no deteve a formao de latifndios. Somente em 1795, atravs de um alvar do prncipe regente D. Joo VI, regularizou-se, de certa forma o problema das doaes de sesmarias e os abusos cometidos pelos sesmeiros.


Emancipao Poltica (1758-1823)

A Capitania de So Jos do Piau, foi criada em 1718, embora s venha a ser instaurada definitivamente em 1758. O seu primeiro governador foi Joo Pereira Caldas, militar portugus, Coronel da Cavalaria, que organizou Tropas de Ordenana em 1759, que tinha por objetivo principal perseguir os nativos.

O rei determinou que a cidade-sede seria a Vila da Mocha (atual Oeiras), e elevar seis freguesias a condio de vilas: So Joo da Parnaba (atual Parnaba), Parnagu, Jerumenha, Marvo (atual Castelo do Piau), Santo Antnio de Campo Maior (atual Campo Maior).

A obra de Pereira Caldas foi imensa: ps em funcionamento a Secretaria do Governo; a Provedoria Real da Fazenda; o Almoxarifado; organizou as Foras Regulares da Capitania; dentre outros feitos.


Era Imperial (1823-1889)

Batalha do Jenipapo

As provncias do norte do Brasil mantinham melhores ligaes polticas e comerciais com a metrpole portuguesa do que ao Rio de Janeiro, devido s facilidades da navegao e os interesses que os portugueses tinham de manter a parte norte do Brasil como colnia. Assim, o Governo Portugus manda armas e munies para o Maranho, em outubro de 1820, e indica o Major Joo Jos da Cunha Fidi como Governador das Armas.

No Piau a primeira vila a aderir a independncia foi Parnaba, as foras militares tentam, imediatamente sufocar o movimento. Fidi cerca a vila, e as foras parnaibanas fogem para o Cear, tentando buscar apoio.

Oeiras foi a ltima cidade de importncia poltica a aderir ao movimento separatista. Apenas em 24 de janeiro de 1823 Oeiras reconheceria Pedro I do Brasil como Imperador do Brasil. Oeiras era dominada politicamente pela famlia Sousa Martins. O Brigadeiro Manuel de Sousa Martins, futuro Visconde de Parnaba, tentou se eleger em 1821 para a Junta Governativa da Provncia, as autoridades portuguesas recusaram e Manuel de Sousa Martins rompeu as relaes que ele tinha com os portugueses.

Assim, o cl Sousa Martins proclama a independncia de Oeiras em 24 de janeiro de 1823. Fidi toma conhecimento e vai em direo a Oeiras para reprimir o movimento separatista. As tropas lusas chocam-se com as tropas piauienses, maranhenses e cearenses na vila de Campo Maior, e s margens do riacho Jenipapo ocorre a sangrenta batalha. A batalha durou cerca de cinco horas, em 13 de maro de 1823.

As tropas lusas saram vitoriosas, pois as armas e tticas de guerrilha eram bem superiores s dos brasileiros. Fidi vai para Caxias, no Maranho, que ainda era uma capitania aliada aos portugueses, e reorganiza seu exrcito. Os Sousa Martins recebem a ajuda de tropas cearenses, aproximadamente 2000 homens vindos do Crato, no Cear.

Fidi surpreendido depois de um ataque surpresa, este se entrega e enviado para a Bahia e depois para o Rio de Janeiro e finalmente para Lisboa. A vila de Caxias foi a ltima vila no Maranho a aderir o movimento separatista.


O Piau na Confederao do Equador

A Confederao do Equador foi um movimento republicano e anti-absolutista que tinha como objetivo criar uma repblica na regio Nordeste que fosse independente do Brasil. Vrios estados nordestinos aderiram Confederao do Equador: Pernambuco, Paraba, Rio Grande do Norte, onde foram depostos os presidentes das provncias. As ideias liberais da Confederao chegam ao Piau atravs de revoltosos cearenses.

Em agosto de 1824, Parnaba proclama a sua adeso Confederao, Campo Maior tambm adere ao movimento. Os oeirenses logo tomam conhecimento do ocorrido. Manuel de Sousa Martins prepara a represso ao movimento, mandando tropas para fechar as Cmaras de Parnaba e Campo Maior.

A represso no Piau no chega a ser muito violenta. Sousa Martins exige que os revoltosos prestem juramento Constituio e jurem fidelidade ao Imperador. Com isso, Manuel de Sousa Martins consolida definitivamente o seu poder no Piau.


A Balaiada (1838-1841)

Em 1831, o Imperador D. Pedro I do Brasil abdica o trono, assim, as oligarquias locais aproveitam para aumentar seu poder poltico e criam medidas para isso, como, o recrutamento militar forado e a “Lei dos Prefeitos” municipais. H um descontentamento geral por parte da populao por causa da ditadura de Sousa Martins, Baro da Parnaba.

A Lei dos Prefeitos autorizava os presidentes das provncias nomearem os prefeitos municipais. Isso deixou os polticos locais revoltados, fazendo oposio ao governo do Baro da Parnaba. A Balaiada foi formada, inicialmente, pelo povo pobre – pretos, mulatos, ndios, mestios e brancos pobres – alguns polticos locais aderem ao movimento, mas, logo, abandonam, devido ao choque dos interesses destes e os das camadas mais pobres.

O movimento comea na vila da Manga, no Maranho, em dezembro de 1838, quando a cadeia dessa vila invadida em plena luz do dia, por um grupo de vaqueiros. Libertaram presos, que foram recrutados para o servio militar, dominaram a guarda e se apoderaram de armas e munies. Esse grupo de rebeldes chega ao Piau, a camada pobre adere ao movimento, pois estavam insatisfeitos com o governo de Sousa Martins. A primeira batalha em territrio piauiense acontece em Barra do Rio Long, em fevereiro de 1839.

Os habitantes de Piracuruca, Parnaba e Campo Maior mostravam simpatia pelo movimento e recusavam lutas a favor do governo. Em 1839, a Balaiada alcanou grande poder sobre o Piau e Maranho, e se espalhou para Parnagu, ribeiras e vales do Gurgueia, Gilbus e Jerumenha. Campo Maior foi ocupado pelos rebeldes, em maro de 1840.

A Balaiada foi sufocada devido a aliana feita entre os presidentes das provncias do Piau, Maranho, Bahia e Cear.


Transferncia de Capital

D. Pedro II do Brasil torna-se Imperador com o golpe da maioridade, tem incio o Segundo Reinado (1841 a 1889). Houve a preocupao de reestruturar a poltica e a economia brasileiras. O Piau um dos estados que tentam se integrar economia nacional e um dos seus projetos transferir a capital da Provncia.

Em 1750, Jos Antnio Saraiva, baiano de 27 anos, assume a presidncia do Piau, e tem como objetivo principal a transferncia da Capital. Ele ainda no sabia onde seria a nova Capital, mas pretendia constru-la no litoral ou s margens do rio Parnaba, com isso acabar com o poder comercial que a cidade de Caxias do Maranho tinha no Piau. Parnaba uma tima opo, mas Saraiva prefere a Vila Nova do Poti. E Saraiva justifica:

1. Bem situada graficamente, facilitar a comunicao com o restante da provncia e de acordo com estudos feitos sobre a regio o local bastante saudvel.

2. margem do Rio Parnaba facilitar o escoamento da produo e sem dvida, destronar Caxias, lder do comrcio na regio.

3. Mais perto de Parnaba pela navegabilidade do rio, ser mais fcil contatar politicamente e comercialmente com a Coroa e outras provncias.

4. Sendo este o mais agrcola dos municpios, uma poltica de desenvolvimento agrrio bem executado tirar o Piau do atraso econmico em que se encontra.

5. “Porque naquela localidade a nica que promete florescer a margem do Parnaba e habituar-se em menos tempo para possuir a Capital da Provncia”.

As ideias de Saraiva de mudar a Capital do Piau chocavam-se com interesses dos coronis oeirenses. Saraiva convocou as Eleies da Assembleia Provincial para 15 de janeiro de 1852, e cuidou para que fossem eleitos deputado favorveis ao seu projeto. Em 20 de julho de 1852, foi aprovada a Resoluo n. 315 que autorizava a transferncia da Capital para Vila Nova do Poti que aria a ser chamada Teresina, homenagem Imperatriz do Brasil, Dona Teresa Cristina.


Era Republicana (1889-)

Na dcada de 1860, apareceu o Partido Liberal Radical, fruto de uma ciso com o Partido Liberal, o novo partido reivindicava a abolio da escravido, maior autonomia para as provncias e a extino do Poder Moderador, alm de outras reformas polticas e econmicas. Na dcada de 1870, o partido ou a se chamar Partido Republicano.

O movimento republicano ou a ganhar seguidores depois de 1870, mesma poca na qual acabou a Guerra do Paraguai, o Exrcito ganhou prestgio com isso, e muitos militares queriam ter uma maior influncia poltica, isso fez com que militares simpatizassem com a causa republicana.

Em 15 de novembro de 1889, o Marechal Deodoro da Fonseca proclama a Repblica e torna-se o primeiro presidente do Brasil. O Piau deixa de ser uma provncia e transforma-se em um estado da Federao.

O primeiro governador do Piau foi Gregrio Taumaturgo de Azevedo, que governou at 1891, criou as vilas de Luzilndia, Natal e Aparecida e elevou Campo Maior, Unio, Barras, Piracuruca e Jaics categoria de cidade.

O Piau republicano seria marcado pelas seguintes caractersticas: declnio da Pecuria; crise e fim da navegao vapor no rio Parnaba; construo das primeiras rodovias e ferrovias; incio do ciclo da manioba.


Referncia:

RIBEIRO, Joaquim Agnelo. Histria do Piau. Teresina: LETERA, 2003.